quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

2009, RECORDAR COM ESPERANÇA!


Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que me pode dar esperança. (Lamentações 3.20-21)
Um novo ano se inicia e ele será especialmente marcado por uma caminhada ao passado. Essas caminhadas que fazemos ao passado sempre acontecerão em nossa existência e em alguns momentos de forma mais fluente que em outros.
Em 2009, o mundo retornará 500 anos para relembrar o marco da cultura mundial, os primórdios do avanço científico, o rompimento com a idade das trevas e as bases da civilização moderna e pós-moderna, incluindo os Direitos Humanos e os conceitos de Liberdade em todas as suas vertentes. Observará os matizes de todo o progresso da civilização moderna e pós-moderna. Em 2009, lembraremos os 500 anos do nascimento de João Calvino, e ainda os 450 anos da publicação da ultima edição das Institutas (Instituição da Religião Cristã) - obra referencial nos escritos de João Calvino. Também se comemora 450 anos da fundação da Academia de Genebra, o embrião da Universidade de Genebra, existente até os dias de hoje.
Calvino sistematizou o conhecimento humano em ebulição na sua época à luz da Bíblia Sagrada. Servindo a sua própria geração, Calvino revolucionou a visão do homem a respeito de si mesmo, do mundo e de Deus, e o fez não criando uma nova teoria ou um ensaio a ser testado em laboratório, mas observando o seu tempo e a sua cultura através das lentes da Bíblia Sagrada. João Calvino olhou primeiro para o Criador de todas as coisas e através dele, identificou o que seria a essência da humanidade. Resgatou o ensino cristão da soberania de Deus e da supremacia da Bíblia, pela qual Deus exerce o seu governo sobre o seu mundo e interage providencialmente com as suas criaturas, sendo tais verdades apontadas nas Escrituras, acima das tradições e das conclusões humanas. A visão de um Deus distante ou tirânico foi corrigida a partir da leitura da Bíblia e do redescobrimento do ensino sagrado do Deus que intervêm, inclusive quando a razão morre e a tragédia chega aos lugares mais inóspitos da terra.
A partir da experiência vivenciada na história por João Calvino (1509-1564), a humanidade rompeu com o divórcio da fé com a ciência e da ciência com a fé. A proposta calvinista impulsionou as gerações seguintes e nações inteiras a observar o mundo como criação de Deus e perceber o avanço e crescimento humano como resultado da ação de Deus sobre suas criaturas.
Francis Schaeffer, filósofo cristão, em seu livro Como Viveremos (Cultura Cristã, 2003) aborda a influencia do movimento reformado, do qual João Calvino foi o sistematizador por excelência, nos seguintes termos: “Para os homens da Reforma, as pessoas não podiam partir exclusivamente de si mesmas e, com base na razão humana somente, dar respostas às grandes questões que confrontam a humanidade” (p. 49), e ainda: “Deus é infinito – e as coisas criadas são finitas. Mas o homem pode agora conhecer ambos os tipos de verdade, sobre Deus e sobre as coisas da criação, pois Deus revelou na Bíblia, entregando ao homem a chave para o entendimento deste mundo de Deus” (p. 52). Na perspectiva filosófica de Schaeffer, a Bíblia Sagrada foi o elemento impulsionador para o verdadeiro conhecimento da humanidade.
Outras lembranças serão trazidas à tona neste ano, como por exemplo, os 150 anos da publicação da obra de Charles Darwin A Origem das Espécies. Contudo, citando o texto bíblico no início desta mensagem, devo recordar aquilo que me pode dar esperança. Recordar o que aniquila o homem ou lhe subtrai a humanidade é caminhar em direção ao desespero existencial; é uma tentativa de extirpar-lhe o que lhe é mais precioso – a imagem e semelhança de Deus, a semente da eternidade e da racionalidade assoprada pelo próprio Deus no ato da criação. Os ensinos de João Calvino trouxeram excelência a sua época e se espalharam pelos países da Europa e depois pelo novo mundo. As nações que foram erguidas na cosmovisão (visão de mundo) calvinista assumiram a vanguarda da história, principalmente nas academias e nos grandes centros do saber. Como Presbiterianos somos herdeiros deste legado calvinista e devemos sustentar a nossa a confessionalidade reformada, extraída da Bíblia Sagrada.
Rev. Jedeias de Almeida Duarte, Th.M.
Capelão Universitário

Um comentário:

Fernando de Almeida disse...

Parabéns pelo texto.
Excelente reflexão.