quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O caos e a dignidade humana


No pensamento reformado, a razão basilar e absoluta para a defesa e preservação da vida está relacionada com a origem do homem. É na sua origem que encontramos a sua dignidade. A Bíblia diz que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. A vida procede de Deus.
Qualquer premissa que busque substanciar a dignidade da vida humana em conceitos relativos subtrai a possibilidade de garantir ao homem a sua própria existência.
É fundamental e oportuna a defesa da dignidade humana a partir da vertente absoluta da sua origem. Isto ultrapassa qualquer especulação e se enaltece num principio absoluto, real e supra-histórico. A Bíblia Sagrada aponta este princípio ao afirmar, conforme registrado no livro de Gênesis 1.26-28:
“Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”.
A Imagem de Deus é a garantia espiritual e lógica para se basear todo o ordenamento científico, jurídico e teológico de proteção à humanidade.
Todas as proteções ao homem são meios estabelecidos por Deus para a glorificação do seu próprio nome e manifestação da sua glória e devem partir dos absolutos de Deus. Portanto, eles são dimensionados por suas leis e normas e estão ligadas ao seu caráter de santo.
A imagem de Deus no homem é digna da busca pelo resgate no homem da sua humanidade. Não nos acostumamos com o caos, seja político, ético, filosófico ou até mesmo empírico; a Bíblia aponta que o caos é conseqüência do pecado do homem e toda tragédia tem uma raiz absoluta oriunda do pecado. Isto não impede de observarmos que o homem pecador, mesmo caótico, é portador da imagem de Deus. “O vestígio da imagem de Deus no homem é suficiente para nos encher de espanto” (Calvino).
O ápice da dignidade humana como ser criado à imagem de Deus pode ser lembrado nas palavras do Reformador Genebrino João Calvino,
“Se recordarmos que o homem foi feito à imagem de Deus, devemos considerá-lo como santo e sagrado, de sorte que não pode ser violado, sem se violar também nele, a imagem de Deus”.
A tutela da dignidade humana se dá na proteção de bens indisponíveis ao próprio homem, pois a dignidade humana também reside no direito de Deus ser Deus e como Deus relacionar-se com suas criaturas, inicialmente inserindo a lei natural no coração humano e, posteriormente positivando a lei com Moises e com os profetas. Por fim, de forma plena Deus manifestou a sua graça na pessoa do Seu filho, Jesus Cristo, aquele que foi manifestado na carne humana para trazer dignidade ao caos existencial da humanidade, restaurando pessoas ao propósito originário da criação: a glorificação do próprio Deus.
Dentro desta cosmovisão, devemos caminhar no mundo de Deus. Respeitando a imagem de Deus na humanidade, cuidando do mundo criado, movendo-nos eticamente todos os dias de nossas vidas.
Rev. Jedeías de Almeida Duarte, D.Min.

Um comentário:

Augustus Nicodemus Lopes disse...

Jedeias,

Parabéns pela iniciativa do blog, ainda mais inaugurando-o com um artigo de tal relevância. Um grande abraço,